quinta-feira, 20 de junho de 2013

E ainda perguntam... O que queremos?

Como professor do estado de Minas Gerais, em greve por tempo determinado, que estamos praticando apenas nos dias dos jogos da Copa das Confederações, exijo o cumprimento da lei federal 11.738, de 2008, que fixa um piso salarial nacional para os profissionais da educação e exijo o retorno à antiga carreira em forma de vencimento básico, pois ela nos foi retirada à força, juntamente com todos os direitos e benefícios conquistados até hoje. Quero o cumprimento do mínimo constitucional na educação, e também o pagamento retroativo do piso à 2008, quando a lei foi criada. Exijo que retire a lei que proíbe funcionários das escolas de se alimentar com a merenda. E, apesar de não concordar em muitas coisas em relação à direção sindical, sou sindicalizado e contribuo com suas mobilizações e, portanto, exijo uma negociação séria de toda a atual pauta de reivindicações de nosso sindicato, as quais não caberiam em um texto sintético de blog.


Como cidadão participante das grandes manifestações, também compactuo com, vamos dizer, 90% dos cartazes que tenho lido, e palavras de ordem que tenho ouvido, ao vivo e nas mídias, e que exprimem ideias individuais, mas que traduzem aspirações de toda uma geração. Mas ainda nos perguntam o que queremos? Queremos um decente teto salarial no país, principalmente para os cargos do executivo, do legislativo e do judiciário. Como não podemos barrar a livre iniciativa do lucro, queremos impostos grandes para quem ganha além do teto. Tenho certeza que teríamos bilhões que poderiam ser gastos com o aumento do salário mínimo. E toda vez que vocês forem subir seus salários, nós vamos para as ruas e pararemos todas as capitais, pois agora aprendemos o caminho e perdemos o medo. Queremos as verbas que seriam gastas para construir a Copa e as Olimpíadas, investidas sim no esporte, mas em poliesportivos comunitários, praças seguras e arborizadas, ginásios poliolímpicos, ciclovias, pistas de skate, e por aí vai. Queremos que a verba usada para tampar os rios, fosse gasta na sua revitalização, com infraestruturas de saneamento ecológico e energias sustentáveis, acompanhadas por políticas sérias de educação ambiental nas suas cabeceiras. Queremos incentivos de uso adequado das energias do vento, do sol, da água e da terra; queremos edificações sustentáveis, com captação da chuva e tratamento com reaproveitamento das águas sujas. Queremos sim, políticas públicas sérias, que providenciem obras para o povo, não pras empreiteiras. Queremos leis que proíbam os maus tratos aos animais. Exigimos respeito e honestidade. Queremos uma mídia livre, cibernética, que nos faça sentir parte da grande nação Terra, da grande irmandade chamada Humanidade, da grande fraternidade dos Terráqueos. Não queremos Belo Monte. Queremos o dinheiro que construiria Belo Monte, no aproveitamento sustentável dos rios e com projetos de energias limpas. Não queremos usinas nucleares. Tchernobyl e Fukushima não são suficientes? Não queremos a "Cura Gay" e sim respeito à diversidade! Não queremos a PEC 37. Queremos um Ministério Público forte, autônomo e sem rabo preso. Exigimos transportes públicos seguros, eficientes, limpos e sustentáveis, movidos a energias não poluentes e quem sabe, com tarifa zero? Queremos políticas de redução dos resíduos e o correto tratamento dos mesmos. Queremos hortas comunitárias, rurais e urbanas, e não queremos venenos nem Monsanto no mesa de nosso país. Queremos leis ambientais feitas para o meio-ambiente e seus habitantes, não para as mineradoras, companhias extrativistas, mega-hidrelétricas e empresários do agronegócio. Não toleramos mais o modelo colonial de exploração, na qual nossa matéria prima sai do país às custas de enormes perdas ambientais e sociais, retornando pra cá com valor agregado, fazendo os ricos mais ricos e o planeta mais doente. Estamos fartos da impunidade, corrupção e falta de respeito dos aparatos públicos. Não precisamos de mais quartéis e presídios, mas sim de escolas públicas de qualidade com pedagogias mais humanitárias. Não queremos mais pagar nossos vereadores e deputados, a exemplo de vários países. Não queremos que tratem usuários de maconha como criminosos, pois as drogas mais pesadas estão nas mãos da indústria farmacêutica e petroquímica, e estão sendo administradas no que chamam de remédios e em nossa alimentação. Queremos as terapias integrativas em todos os postos de saúde e médicos comunitários preventivos. Exigimos maternidades com parto humanizado, que tratem a mulher sem violência. Exigimos postos de saúde e banheiros públicos no padrão FIFA. Aliás queremos todos os serviços públicos no padrão FIFA, e de forma gratuita. Não queremos propagandas do governo, baseadas na hipocrisia e falsidade, feitas com o nosso dinheiro. Ao invés, gastem esse dinheiro em campanhas publicitárias contra a violência doméstica, a publicidade infantil, os agrotóxicos, o bullying na escola e no trabalho, o tráfico de órgãos, os preconceitos de toda sorte, a escravidão de humanos e animais, a poluição sonora e visual, a comunicação violenta, a pesca predatória, o abuso de poder, a falsidade ideológica, a fofoca, a prevenção de doenças, o desperdício de recursos e energias, enfim, contra e qualquer forma de violência física ou simbólica que atente contra os preceitos referentes aos direitos universais e à cultura de paz planetária. Sim queremos a utopia e sabemos que ela ainda é possível. É isto que queremos!


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