domingo, 2 de outubro de 2011

Avaliando

Avaliando as estratégias e táticas de nossa gloriosa batalha (a guerra só teve uma trégua), sinto-me impelido a refletir sobre alguns pontos que considero serem importantíssimos para as próximas lutas. As estratégias de ocupação efetiva à la Mahatma Gandhi foram o que, na minha opinião, surtiram maior efeito na abertura das negociações. O travamento da garagem da ALMG, o acampamento de vigília, a gritaria nas galerias nas horas das reuniões, os acorrentados dentro do plenário e os dois em greve de fome. Mas acho que deveríamos ter ocupado outros espaços além daqueles. Se tivéssemos dez pessoas deitadas na porta de cada gabinete, 50 pessoas na porta do plenário principal (local do café), 50 pessoas em cada entrada principal, 5 pessoas deitadas em cada elevador e passagem principal, uma pessoa em cada degrau da escadaria, teríamos uma ocupação do “Piso” da ALMG, de modo a torná-la intransitável, inclusive para a polícia daquela casa. É claro que se o batalhão de choque chegasse, seríamos arrastados para fora, sem nenhuma resistência, mas teriam que tirar um por um, e isto seria feio demais aos olhos da mídia. No dia da inauguração do relógio da copa, o trânsito estava lento mas, até às 19:00, estava fluindo, para quem vinha da Cristóvão Colombo. Se o carro de som do SINDUTE tivesse chegado caladinho naquele horário em que havia muita gente, ninguém tirava ele de lá, pois faríamos um cordão de isolamento no carro e então queria ver eles competirem com o barulho do nosso carro de som. Outra ferramenta que considero importantíssima nas próximas mobilizações são aqueles cornetões de ar comprimido. O sindicato poderia comprar pelo menos uns 10 daqueles e já deixar guardado. Se tivéssemos 5 deles no dia do relógio da copa, não conseguiriam promover o evento, tamanho o estrondo causado por aqueles “brinquedinhos”. Talvez, depois desta greve, eles proíbam a venda de tais brinquedos. Essas cornetas são a forma mais audível de nosso grito, e poderíamos revezar-nos em ficar tocando 12 horas por dia nos espaços em que quiséssemos ser ouvidos, nas SEEs, na ALMG, Ministério Público, TJ, e quem sabe, até na Cidade Administrativa. Pensem bem: 10 pessoas, cada uma com um cornetão, sentada na calçada de frente a esses prédios tocando o dia todo... Penso que faltou um planejamento de ocupação efetiva das superintendências regionais em BH, com cornetões e “daqui não saio!”, para desorganizar a vida deles de tal forma a tornar o trabalho impossível. Penso também que nos dias em que nos direcionamos para espaços específicos como o Tribunal de Justiça e o Ministério Público, devíamos ter ido no horário em que eles trabalham, pois às 18:00 o expediente já havia terminado, e então gritávamos para quem? Para os seguranças daqueles prédios? Muitas são as aprendizagens e nossa criatividade tem poder de construir instantaneamente formas de mobilização coletiva. Na verdade, a maioria das ações “mais impactantes” foram organizadas dessa forma intuitiva, sem grandes direcionamentos do sindicato, o que mostra o poder de mobilização autônoma do coletivo. A mídia independente e as redes sociais foram talvez as maiores armas de nosso movimento. O que a mídia convencional não mostrava, os celulares e câmeras estavam lá pra postar vídeos no youtube, imagens no facebook, cartas nos grupos de e-mails, além dos blogs que viraram verdadeiros “bunkers” de mobilização e divulgação. Com todas essas reflexões pretendo avaliar em que falhamos e em que tivemos sucesso, para que nas próximas batalhas, façamos bem melhor, com mais firmeza e impacto.

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