sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Comemoremos!


Neste natal, comemoremos a ótima educação que temos em nosso país, com salários que realmente valorizam o profissional da educação. Comemoremos o super aumento que tivemos em nossos contracheques com o subsídio, a vitória das negociações entre sindicato e governo, a exemplar atuação do Ministério Público e da Assembléia Legislativa. Que possamos comemorar com nosso 13º no bolso, nosso 14º dividido em 2 parcelas, nossas restituições de faltas-greve que estão sendo pagas honestamente por este estado exemplar, por este governo professor que acredita na educação como porta para um futuro melhor! Comemoremos o aumento de 62% que os vereadores se deram como presente de natal, comemoremos as ótimas notícias em relação aos impasses. A comunidade Dandara, o Código Florestal, a usina de Belo Monte; comemoremos a seriedade com que nossos governantes e representantes legais tem atuado, mostrando sua responsabilidade, honestidade e boa índole. Comemoremos todas as nossas conquistas em relação ao piso nacional, pois se não fosse ele, não teríamos hoje o maravilhoso novo modelo de remuneração, muito mais eficiente, e que, como já disse nosso glorioso governador, está muito além do piso. Comemoremos, comemoremos, comemoremos, e vamos pedir a Jesus, o salvador, que continue nos provendo com tantas conquistas neste país tão próspero, humano e coerente. Que Deus esteja conosco!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Escola da vida



Queridos colegas,

Mais um ano de luta chega ao fim. Luta pelo pão e pelo circo, enfim, luta pela vida. Guerreiros que somos, enfrentamos as vitórias e as derrotas de cabeça erguida. Mas nossa maior batalha se encontra no cotidiano comum. Na sala de aula, na cantina, na horta, na secretaria. Estamos sim, desgastados e desvalorizados, mas, por mais que tentem nos convencer, continuamos acreditando na escola como algo que transforma. Não sinto que a escola seja apenas um banco de diplomas e de números. Vejo pessoas reais, com todas as suas fraquezas e todas as suas riquezas. Vejo crianças, jovens e adultos, na busca incessante pelo conhecimento e vibro para que esse conhecimento se transforme em sabedoria. Eu também me sinto aluno desta grande escola e aprendo a ser mais sábio com o pouco que sei. Quanto aos nossos chefes supremos, os intocáveis, só posso me lamentar de ter sido enganado, agredido, desrespeitado, mas quero que eles saibam que não nos seduzirão com migalhas e não conseguirão nos separar com a discórdia. Vejo hoje uma categoria dividida e cansada, uma classe operária desacreditada e doente. Querem que nos tornemos máquinas fazedoras de números e diplomas, mas nossa arma é bem maior, porque lidamos com gente de verdade, alunos reais que aprendem a jogar pingue-pongue e xadrez, que leem livros, que montam grupos de jovens, grêmios; tocam violão e guitarra, fazem teatro, aprendem a usar os números; jovens e adultos reais que estão em busca de seus sonhos e vejo que esta escola pode auxiliar nessa busca. De cabeças erguidas, fortalecidos com as aprendizagens das vitórias e das derrotas, iniciaremos 2012 no front da batalha da vida, contra o exército da ignorância, tendo como maior arma esta escola que fazemos do nosso jeito, bem distante daquela que querem nos impor como castigo por termos desvelado as mentiras e farsas desta ditadura social em que estamos vivendo. Desejo a todos e todas boas festas e um descanso renovador.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Palhaçada




No dia 23 de novembro de 2011, assistimos a mais um capítulo do grande espetáculo “Circo Minas Gerais, onde você é o palhaço”. Pudemos ver mais uma vez a Assembléia Legislativa funcionando como uma “casa homologativa” dos projetos do governo. Cadê a comissão tripartite? Cadê o acordo assinado pelo governo de que aplicaria o piso na carreira? Cadê o Ministério Público para cobrar a correta aplicação da lei federal? O que adiantou a opção de mais de 150.000 servidores retornarem ao Vencimento Básico? Mais uma vez presenciamos atitudes de uma ditadura social velada na nossa “Sociedade Autocrática com Dinheiro”. Mas nós não somos apenas palhaços de circo; somos também os animais selvagens que devem ser adestrados e enjaulados; somos os equilibristas que, na corda bamba da educação, fazemos piruetas para não cair; somos mágicos de conseguirmos sustentar nossas famílias com salários que não pagam nem o terno que nossos dePUTAdos usam naquele palco. Trabalhamos em 2 ou 3 escolas para sermos alvos desviantes de bolas de papel, borrachas voadoras e, em alguns casos, de tiros e facas. E temos que ser malabaristas para aguentar 3 turnos de turmas desinteressadas e violentas. E é no contexto do grande circo de Minas Gerais, terra da liberdade inconfidente, que venho parabenizar a toda a comunidade escolar por esta derrota. Nossa união cidadã, responsabilidade social e perseverança na luta por direitos foram os responsáveis por esta derrota tão sofrida! Aplausos par nós!!! Perdemos a esperança? Não há mais nada a ser feito? Então vamos sentar nossas bundas na frente da televisão (que Deus a proteja!) para aplaudir o mestre de cerimônia, dono do circo, e vamos nos tornar robôs mecânicos programados para dizer apenas “sim senhor” e abaixar nossas cabeças vazias. Vamos passar da condição de atores do circo para meros expectadores dessa grande novela tragicômica, da qual somos (éramos) os protagonistas. Vamos aplaudir o espetáculo de uma Minas sem lei, terra do desgoverno, de um povo acostumado à escravidão do ouro, à obediência das igrejas e à inércia dos senhores. Vejo em ti, Minas, a sombra direita de uma ditadura disfarçada! Vejo tua população enganada, sorrindo sem saber por quê, desacreditada dos grandes ideais, mas pronta para fazer as compras de natal. Então compremos os últimos modelos de celulares, Ipod's, e todos os presentes que nos farão, enfim, felizes! Afinal, um estado com educação sucateada, camuflada por belas escolas cheias de livros e computadores é bem mais fácil de ser iludido e adestrado. Um professor empobrecido, cansado, desvalorizado, criminalizado e ameaçado não tem condições de educar para a cidadania efetiva e continuará passando os mesmos exercícios de formar robôs obedientes. Vamos esquecer que existe um piso nacional, garantido por uma lei federal, que não somos remunerados pelo nosso tempo fora de sala de aula, e que temos hoje nossa carreira extinta, juntamente com todas as conquistas adquiridas ao longo da história sindical. Vamos esquecer que teremos nossos salários congelados por mais 20 anos, sem possibilidade de incorporar novas conquistas de direitos no nosso contracheque. Afinal de contas, teremos nosso 13° no bolso para ir ao shopping comprar o último modelo do celular que nos fará pessoas melhores e mais felizes. De alma e mãos lavadas, eu, palhaço malabarista do Grande Circo Minas Gerais, entrego a luta nas mãos de Deus, mas ainda tento um último grito! Vamos acabar com essa palhaçada e realmente tomar as rédias da nossa história?!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Convocação de apoio ao boicote do SIMAVE



Como sabem, nós, profissionais do estado de Minas Gerais, estamos enfrentando novamente a mentira e o descaso do governo, principalmente nos meios de comunicação. Descumprindo acordo (assinado ao fim da greve) de que estudaria a aplicação do Piso Nacional na carreira já existente, apresentou uma proposta que piora a carreira existentee que paga, para professor com doutorado em final de carreira, o valor de R$ 945,00. A greve não será nossa estratégia de luta no momento, mas devemos tentar, ao menos, entender o que está acontecendo. O governo tem milhões para pagar anúncios de 2 minutos na Rede Globo em horário nobre, mas não para pagar um piso de 712 reais. Tem bilhões para a copa, obras faraônicas, e cargos comissionados para campanha política, mas não para "valorizar" os profissionais da educação. Por isso, em última assembléia da categoria, foi decidido o boicote às avaliações sistêmicas do estado, no caso o SIMAVE, que acontecerá na próxima semana. Usaremos isto como forma de pressão, já que o prêmio de produtividade pago geralmente em agosto ou setembro não foi pago até agora e não sabemos se ou quando será pago. Estamos inclusive, ao propor este ato, deixando de ganhar nosso prêmio de 2012, mas acreditamos que será uma forma de protesto que mostrará nossa indignação com esse desgoverno. Por tudo isto, nós, profissionais da educação abaixo assinados, solicitamos aos alunos que nos apoiem neste protesto, anulando o gabarito da prova e entregando-o com todas as questões marcadas, pois, assim como o voto nulo, esta atitude configura-se como protesto, diferente do voto em branco. Temos que mostrar ao nosso desgoverno mentiroso e fora da lei que estamos de olho e temos o apoio de nossos queridos alunos, que pensam criticamente e sabem também protestar. "Professores passam uma vida ao nosso lado. Uma hora alguém precisa ficar do lado deles..."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Endurecendo a luta



Diante de toda a mentira empreendida pelo nosso desgoverno Anestenazista, me revitalizo nas energias de luta e me encontro pronto para empreender movimentações mais ativistas. Só paralizar não basta. Temos que ocupar as superintendências e deitar no chão até que se apresente proposta digna. Levar daqueles cornetões pra frente das regionais e não deixar o pessoal trabalhar. Não basta também só o boicote ao SIMAVE. Temos que anular as provas. Os alunos devem entregar os gabaritos nulos, pois aí sim, conta como ato de protesto. Se eles apenas entregam em branco, vão dar zero para eles. Se não vierem, vão dizer que não conseguimos manter os alunos em sala. Mas se vierem, e entregarem o gabarito nulo (marcadas todas as questões), aí sim caracteriza – como no voto nulo – um ato de protesto explícito. E que cara o governo vai dizer que as provas foram anuladas. E que cara vai ter quando ver que os alunos vão nos apoiar. Não precisa de grandes mobilizações pra que isto aconteça. Basta um papo sério com os alunos no dia da avaliação e aí fica da consciência de cada aluno anular ou não. Temos que barbaizar. Agora é o momento que, se calarmos e enfraquecermos, eles passam o trator em cima de nós. Talvez o ano de 2012 nem comece, se a postura do governo continuar...

domingo, 6 de novembro de 2011

Não acredito

Não acredito que o governo tenha tanta cara de pau de propor uma tabela daquela! Como ele consegue apresentar algo pior do que já vivemos? Não acredito que, novamente, tenta mudar nossa carreira, colocando nossa profissão como indesejada. Para que estudar, se somos meros robôs, que devem ensinar a resolver questões do ENEM e SIMAVE? Para que a formação continuada, tão exigida pelo estado como caminho para a qualidade da educação? Não acredito que o Sr. Desgovernador tenha apresentado uma tabela achatada que coloca um doutor em final de carreira ganhando 945 reais! Não acredito que diminuiu descaradamente as porcentagens de progressão horizontal de 3 para 1% e das progressões verticais de 22 para apenas 5%. E não acredito quando ele diz que será apenas para professor e especialista. E as cantineiras? As secretárias? Apenas não acredito. Depois de todo blá-blá-blá de que, suspendendo a greve, ele aplicaria o Piso na carreira existente, para todas as carreiras da educação, abriria negociação, com escalonamento de reposicionamento na carreira, mas não do valor do Piso... Algo simples... Apenas não acredito! Mas, se eu for obrigado a acreditar que toda essa novela cômica seja verdade, talvez ano que vem haja uma tragédia clássica, na qual a vítima será o governo e em consequência, a educação pública
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sábado, 22 de outubro de 2011

Indi(gestão) pública

Com a notícia do despejo ilegal da comunidade Zilah Spósito ponho-me a refletir sobre nossos representantes. Quanta falta de educação é ministrada por nossos "indigestores" públicos! Deveriam ser os primeiros a dar o exemplo de uma conduta digna e são os primeiros a mostrar os sinais de nosso subdesenvolvimento. Se dizem preocupados com a sociedade e são os primeiros a desmontá-la, para continuar regando seus jantares esnobes com charutos caros e vinhos nobres, e sabe-se lá mais o quê. Se dizem nossos representantes mas não nos sentimos representados por eles, por que será? Porcos esbanjadores, buldogues enrugados, exibem suas "bocas cheias de dentes" entre sorrisos de canto de boca e tapinhas nas costas, quando a mídia mostra suas proezas. Safados flatulentos, são todos iguais, sem querer generalizar, pois o que importa para eles não é a gestão humanizada, mas a indigestão após o banquete mórbido. Importa a reeleição, o aumento dos próprios salários, a cidade "limpa" dos pobres que, ao seu ver, deveriam ser executados sumariamente, pois representam risco grande aos seus bens preciosos e à sua segurança imaculada. Ratos engravatados, atuam como cascavéis traiçoeiras que prometem quando lhes convém e descumprem descaradamente seus contratos sociais. Se mostram ditadores disfarçados e blindados pela mídia corrupta que, facilmente comprada, exibe seus rostos cheios de botox por trás da tela hipnótica. E vamos nós às urnas novamente colocar os mesmos macacos no poder. Tudo parece um circo como diz bem a charge, onde nós somos os palhaços.

domingo, 16 de outubro de 2011

Apologia aos indignados

Em vista dos útlimos acontecimentos no mundo, sinto meu coração alegrar-se, vendo que parte dessa individualidade que dissolve as lutas coletivas está sendo desfeita justamente pela ferramenta que ajuda a mantê-la. A internet se mostra grande dispersora do conhecimento, saturadora das atenções, mas ao mesmo tempo demonstra ser uma arma que possibilita a luta e a indignação sem fronteiras. Vejo como ato educativo os protestos dos "indignados" do mundo. O primeiro protesto mundial inaugura uma nova era em que o militantismo arraigado em bases individuais se expande ao ponto de reunir anarquistas, comunistas, ambientalistas, ou os simples indignados que não se prendem a nenhuma bandeira, mas à indignação, arte tão esquecida nos tempos atuais. Parabéns a todos os que ousam se levantar e ir às ruas indignar-se contra qualquer sistema opressivo. Enquanto isso, o fruto de nossa indignação (a histórica greve dos educadores de Minas) está em andamento e estamos acompanhando em alerta. Te cuida governador, pois se vacilar, não iniciaremos o ano de 2012.

domingo, 2 de outubro de 2011

Avaliando

Avaliando as estratégias e táticas de nossa gloriosa batalha (a guerra só teve uma trégua), sinto-me impelido a refletir sobre alguns pontos que considero serem importantíssimos para as próximas lutas. As estratégias de ocupação efetiva à la Mahatma Gandhi foram o que, na minha opinião, surtiram maior efeito na abertura das negociações. O travamento da garagem da ALMG, o acampamento de vigília, a gritaria nas galerias nas horas das reuniões, os acorrentados dentro do plenário e os dois em greve de fome. Mas acho que deveríamos ter ocupado outros espaços além daqueles. Se tivéssemos dez pessoas deitadas na porta de cada gabinete, 50 pessoas na porta do plenário principal (local do café), 50 pessoas em cada entrada principal, 5 pessoas deitadas em cada elevador e passagem principal, uma pessoa em cada degrau da escadaria, teríamos uma ocupação do “Piso” da ALMG, de modo a torná-la intransitável, inclusive para a polícia daquela casa. É claro que se o batalhão de choque chegasse, seríamos arrastados para fora, sem nenhuma resistência, mas teriam que tirar um por um, e isto seria feio demais aos olhos da mídia. No dia da inauguração do relógio da copa, o trânsito estava lento mas, até às 19:00, estava fluindo, para quem vinha da Cristóvão Colombo. Se o carro de som do SINDUTE tivesse chegado caladinho naquele horário em que havia muita gente, ninguém tirava ele de lá, pois faríamos um cordão de isolamento no carro e então queria ver eles competirem com o barulho do nosso carro de som. Outra ferramenta que considero importantíssima nas próximas mobilizações são aqueles cornetões de ar comprimido. O sindicato poderia comprar pelo menos uns 10 daqueles e já deixar guardado. Se tivéssemos 5 deles no dia do relógio da copa, não conseguiriam promover o evento, tamanho o estrondo causado por aqueles “brinquedinhos”. Talvez, depois desta greve, eles proíbam a venda de tais brinquedos. Essas cornetas são a forma mais audível de nosso grito, e poderíamos revezar-nos em ficar tocando 12 horas por dia nos espaços em que quiséssemos ser ouvidos, nas SEEs, na ALMG, Ministério Público, TJ, e quem sabe, até na Cidade Administrativa. Pensem bem: 10 pessoas, cada uma com um cornetão, sentada na calçada de frente a esses prédios tocando o dia todo... Penso que faltou um planejamento de ocupação efetiva das superintendências regionais em BH, com cornetões e “daqui não saio!”, para desorganizar a vida deles de tal forma a tornar o trabalho impossível. Penso também que nos dias em que nos direcionamos para espaços específicos como o Tribunal de Justiça e o Ministério Público, devíamos ter ido no horário em que eles trabalham, pois às 18:00 o expediente já havia terminado, e então gritávamos para quem? Para os seguranças daqueles prédios? Muitas são as aprendizagens e nossa criatividade tem poder de construir instantaneamente formas de mobilização coletiva. Na verdade, a maioria das ações “mais impactantes” foram organizadas dessa forma intuitiva, sem grandes direcionamentos do sindicato, o que mostra o poder de mobilização autônoma do coletivo. A mídia independente e as redes sociais foram talvez as maiores armas de nosso movimento. O que a mídia convencional não mostrava, os celulares e câmeras estavam lá pra postar vídeos no youtube, imagens no facebook, cartas nos grupos de e-mails, além dos blogs que viraram verdadeiros “bunkers” de mobilização e divulgação. Com todas essas reflexões pretendo avaliar em que falhamos e em que tivemos sucesso, para que nas próximas batalhas, façamos bem melhor, com mais firmeza e impacto.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A volta

Depois de 114 dias, volto pro cotidiano escolar e me realizo de que é nele que me realizo... Descobri que estava com muita saudade da escola e que acredito nela, sim, como auxiliadora nos processos de mudança desencadeados pela vivência real das soluções para os problemas existentes no nosso contexto palpável... Mas devo pedir perdão a algumas pessoas, por reconhecer que fui responsável pela desorganização de suas vidas. Sei que devo pedir perdão aos alunos, que tiveram seu direito à educação ferido, mas saibam que a greve foi nossa última ferramenta, quando todas as outras já haviam falhado... Peço também perdão aos funcionários que trabalharão dobrado, já que certos suportes estruturais da escola serão mantidos durante o período de reposição, mas saibam que a desorganização administrativa do sistema é muito temida pelos nossos chefes, e por isso mesmo se transforma em ferramenta de luta, quando todas as outras já falharam... Peço perdão também a todos que foram muito prejudicados pelo engarrafamento na hora do rush, durante mais de 10 semanas, mas saibam que essa era a nossa mídia direta, quando todas as outras já se haviam calado... Perdão aos funcionários da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que nada tinham que ver com nosso movimento de ocupação e que tiveram uma semana de desordem geral na casa, mas saibam que quando o executivo e o judiciário se corrompem, nos resta apenas a “casa do povo”, que é onde (ainda) podemos entrar e confiar um pouco mais. Não pedirei perdão ao batalhão de choque da polícia! A estes, eu é que devo perdoá-los por terem atirado em nós com balas de borracha, lançado bombas de efeito i-moral e gás de pimenta nos nossos olhos, mas saibam que até isto acabou se transformando em uma nova arma contra os próprios atiradores, pois a mídia independente e as redes sociais logo davam conta de espalhar a velada verdade para além dos muros da pátria e então recebíamos apoio dos cinco continentes... Devo também perdoar o governador e toda a sua equipe midiático-jurídica que conseguiu jogar contra nós parte da sociedade desconectada das informações reais, mas saibam que isto também se tornou uma arma contra o criminoso, pois durante todo o movimento, foram sendo desveladas as incoerências, não apenas do discurso, como da atuação da a atual gestão pública. Vocês se revelaram mentirosos e manipuladores às nossas custas. Lhes devo meu perdão...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Carta aberta aos profissionais da educação de Minas Gerais

Colegas profissionais da educação,


É com grande felicidade e entusiasmo que hoje (ontem), após uma assembleia de praticamente 12 horas, 111 dias de greve, uma semana de greve de fome, uma semana de acampamento na Assembléia Legislativa, 24 horas com 40 professores acorrentados no plenário da Assembléia Legislativa, 3 meses de ponto cortado, após termos sido considerados criminosos pelo jurídico e pela mídia, após termos sido substituídos descaradamente, ferindo nosso direito de greve garantido na constituição, após alguns colegas designados terem sido ameaçados de demissão, após o terror e a omissão da mídia, após os xingamentos e olhos tortos da comunidade e até de nossos próprios colegas, após toda a humilhação a que nos subtemos, venho comunicar-lhes que conseguimos o Piso Nacional para TODAS as carreiras da educação, aplicada ao nosso plano de carreira em vigor. Àqueles que participaram e nos ajudaram da forma que lhes era permitido, nossos sinceros agradecimentos. Àqueles que se omitiram, acreditando que não fariam a diferença, nossa indiferença parcial, pois saibam que lutamos também por vocês. Àqueles que torceram contra, devido ao caráter imediatista a que foram acostumados, ou aos diames do ego, nossa humilde pena, acreditando que com esse lindo movimento, talvez pudemos mostrar que, unidos, fazemos sim a diferença. Não queremos agradecimentos, mas reconhecimento. Não queremos pena, mas honestidade. Não queremos esmola, mas justiça! Grande conquista para Minas e para o Brasil, o piso nacional é o início da valorização de nossa carreira com um pouco mais de dignidade. Não fomos intransigentes como nos acusaram por todos os cantos. Recuamos na proporcionalidade. Mas não fomos covardes e então avançamos quando avaliamos que era hora. Esta última assembleia estava tão ou mais cheia que as últimas (cerca de 10000 trabalhadores) e o clima de tensão era tal, que se via a contração das faces e as lágrimas nos olhos. Parecia que todo o batalhão de choque e da polícia e cavalaria estava presente nos arredores. Pois professores são perigosos e criminosos... Mas nós conseguimos arrancar o piso na marra, na maior greve da história da educação! Talvez não fossem mais de cem dias se tivéssemos pelo menos mais dois professores em cada escola. Talvez não tivéssemos que recuar na proporcionalidade se aquele um a mais que achava que não fazia a diferença, tivesse entrado de greve para constatar nos números de que eles tanto gostam... Talvez não tivéssemos sido considerados ilegais se os pais de alunos nos apoiassem, ao invés de nos condenarem. Mas a história não é feita de “talvezes”. Fomos espancados pelo batalhão de choque, enganados pelo legislativo, massacrados pela mídia e pelo jurídico comprado, e ainda assim conseguimos... Grande aprendizado aos que participaram até o fim. Talvez o maior deles tenha sido o aprender que, mesmo quando tudo parece perdido, com um pouco mais de fé e perseverança, se alcançam os objetivos. Volto às aulas na quinta-feira, levando para vocês que optaram pelo vencimento básico, um presente significativo, que valorizará o profissional e, consequentemente, a educação como um todo. Aos que não tiveram opção ou optaram pelo subsídio, levo a experiência de que somos construtores de nossa história, mesmo quando tudo parece estar contra nós...


Um professor em estado de vigília, de volta à escola querida...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Humilhação ou dignidade?


Humilhação de termos que dormir como indigentes, embaixo de escadaria de prédio público. Dignidade de fazermos isto por aqueles que nos ignoram. Humilhação de termos que apanhar da tropa de choque como se fôssemos terroristas. Dignidade de fazermos isto por aqueles a quem tanto amamos. Humilhação de termos que aguentar mentiras da mídia instituída e comprada. Dignidade de podermos filmar com nossos próprios olhos e divulgar com nossas próprias mãos ao mundo muito mais amplo do que os jornais impressos e a televisão burra. Humilhação de vermos ditador que “elegemos” ir contra seu próprio povo. Dignidade de sabermos que juntos somos mais fortes que ele. Humilhação de haver designados “altamente qualificados” para nos substituir no nosso direito constitucional. Dignidade de não voltarmos atrás sabendo que a estratégia suja é travestida de “preocupação com a qualidade”. Humilhação de sermos chamados de criminosos pela justiça e pela mídia comprada. Dignidade de nos reconhecermos guerreiros da luz, missionários da justiça e diplomatas da paz. Humilhação de sermos ameaçados de perder nosso emprego. Dignidade de seguir em frente, mesmo com um pouco de medo, pois somos de ferro, mas não de aço. Humilhação de ver pai de aluno nos xingar em público. Dignidade de ver pai de aluno com sua filha peitando a tropa de choque para nos defender. Humilhação de haver colegas falando pelas costas, torcendo para que nossa luta fracasse, para que possam nos olhar com sorrisinhos irônicos e saborear o gosto amargo da intriga e da discórdia (oh, pobres de espírito!). Dignidade de não abaixar a cabeça e não nos calar, pois assim ensinou o Mestre. Humilhação de ter que fazer greve de fome em porta de Assembléia Legislativa para retomar negociação. Dignidade de fazermos isto por acreditar que ainda existe humanidade no ser humano. Nosso movimento agora deixou de ser apenas por salário. Agora o que está em jogo é a dignidade social e humana. Eu opto pela dignidade.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ontem, hoje e amanhã.


Ontem, que conseguimos suspender reunião dos de(puta)dos na parte da manhã. Ontem, que vi articulações autônomas altamente pertinentes dos professores indignados. Ontem, que vi de(puta)do coçando a cabeça de nervosismo. Ontem, que professores em greve de fome mobilizaram a humanidade escondida até dos mais duros. Ontem, que votamos em assembleia de 8000 pessoas, pela continuidade da greve. Ontem, que teve reunião com o líder do governo naquela casa só para ele nos dizer que o governo não negocia com terroristas (ops, professores em greve). Ontem, que os professores ocuparam as saídas das garagens da ALMG e os deputados foram obrigados a retirar o projeto que atropelaria as negociações (até agora inexistentes), e suspender sua votação até próxima terça, quando haverá próxima assembleia de professores.  Ontem, que a tropa de choque chegou e nós nos sentamos a la Mahatma Gandhi, dizendo, “pode bater, que daqui não saio!”. Ontem, que iniciamos um acampamento-vigília permanente nas portas principais da ALMG até a próxima terça. Apenas ontem, para o hoje do amanhã.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Amanhã


Amanhã, que temos a maior greve de nossa história. Amanhã, que o luto e a esperança se casarão em praça pública. Amanhã,que nossos corações estarão despertos quando fazem de tudo para que estejamosdispersos. Amanhã, que por um breve momento, tudo fica suspenso e a expectativa aumenta minutos antes das reuniões, das falas, das votações. Amanhã, em que a mobilização efetiva e consistente se faz necessária. Amanhã, que seremos considerados como criminosos. Amanhã, que nossas forças se unirão no feixe degravetos inquebrantável.


Amanhã, que nossa união fará nossa fé e perseverança crescer ao ponto da realização. Amanhã, que as orações se convergirão paraaquela assembléia. Amanhã, que estaremos filmando e fazendo nossa mídia livre eindependente, mostrando a realidade nua e crua. Amanhã, que a inconfidênciareal acontecerá na Casa do Povo, erroneamente chamada de Assembléia Legislativa. Amanhã, que estaremos presentes com as rédeas em nossas mãos firmes. Amanhã, que assumiremos novamente o preceito da revolução pacífica,porém inteligente e criativa. No amanhã invisível da esperança que se tornará ohoje luminoso da vitória e que, se não fizermos bem feito, ficará para um ontemobscuro da derrota...

Compareça na próxima assembléia - 20/09


Assembleia EstadualPessoal, amanhã tem assembléia dos professores a partir da 13:00. Quem puder, compareça, para nos ajudar a fazer pressão contra o desgoverno da ditadura social camuflada. Precisamos muito da ajuda da sociedade, agora que seremos considerados criminosos, e que nossa greve entra para a história como a maior da categoria. Em caráter de apelo, convoco todos os apoiadores que venham se unir a nós, pelo menos amanhã, pois, com o apoio de todos, sairemos vitoriosos, mas, sem ele, veremos a derrota não apenas da nossa categoria, mas de todas as outras. Se caso formos derrotados, eles agora terão a fórmula mágica para se acabar com as reivindicações grupais. Depois do ocorrido na Praça da Repressão (antiga Praça da Liberdade) na última sexta-feira, tudo pode acontecer. Divulguem e participem, pois a luta não é só dos educadores, mas de toda a sociedade que passa por eles. Contamos com todos vocês.

Greve Professores Minas Gerais e Copa do Mundo, por Cristovam Buarque.

Senador Cristovam Buarque comenta Greve dos Professores em Minas Gerais e copa do mundo, fazendo analogia entre os acontecimentos. Brilhante discurso, que merece ser visto na íntegra, no site do TV SENADO, dia 16-09-2011.

Hoje, apenas hoje...


Hoje, que nossa greve entra para a história como a maior greve da história da educação mineira. Hoje, às vésperas da assembléia e da reunião com o líder do governo. Hoje, que somos considerados criminosos e nos recuperamos do choque da tropa do desgoverno. Hoje, que o relógio da copa já está à vista na Praça da “Liberdade”. Hoje, que fiquei sabendo que uma turma inteira de professores que não aderiram à greve, paralisarão suas atividades para nos apoiar na assembléia de amanhã. Hoje, que vejo as redes sociais apoiando massivamente o movimento dos educadores. Hoje, que não vejo nada na mídia, apenas os mesmos disfarces de “tudo lindo” e “tudo correndo bem”. Hoje, que me recupero da depressão pós-bomba-de-efeito-moral e avisto uma luz no fim do túnel. Hoje, que sei que vai ter designado dando aula em todas as minhas turmas. Hoje, que o governo continua com sua campanha massiva de incriminação dos grevistas na mídia comprada; hoje, que me encontro às vésperas do desvario. Hoje, que suporto o ponto cortado há mais de 100 dias. Hoje, apenas hoje.

sábado, 17 de setembro de 2011

Greve geral?

Reflexão de última hora:
Já que são 19 estados (última notícia de setembro) em greve no Brasil, por que a CNTE não convoca uma greve geral da educação? Todos os filiados teriam que fazer suas assembleias e aí sim, pressionaríamos a nível nacional. Não é esse o momento? Existirá tal momento? Ou essas coisas só acontecem no México, Bolívia e Chile?

Dia de tristeza e felicidade


Dia de muitas notícias e muitos sentimentos. Notícia que vai ter 12000 novas designações de substitutos “altamente qualificados”, com vasta experiência, para prover a educação de qualidade que o governo tanto almeja. Notícia que vai ter designado em todas as minhas turmas a partir de segunda-feira. Triste, porque me sinto invadido no meu direito de greve, garantido na constituição e numa lei federal. Feliz porque os meus alunos não serão tão prejudicados e conseguirão finalizar o ano. Triste por saber que nossa greve foi declarada ilegal por um juiz comprado pelo Faraó, mas feliz porque estamos quites com o governador, pois agora também somos fora-da-lei. Feliz porque o sindicato conseguiu entregar à presidenta Dilma um dossiê da educação em Minas, e ela prometeu intermediar a negociação com o governo. Triste por ver o estado de guerra civil que se instaurou na praça da liberdade (contradição do nome) no evento de inauguração do relógio da copa. Feliz por ver que a greve está forte, mobilizando a opinião pública na mídia independente e nas redes sociais.
Triste porque teve professor espancado, porque teve gás de pimenta em cara de estudante e porque jogaram bombas para nos afastar da solenidade na praça que era só pra elite.
Feliz de ver que ainda conseguimos nos unir e dizer não à repressão instaurada em épocas de ditadura transvestida de democracia. Triste de ver professores se acorrentando em greve de fome e de necessidades básicas na frente de prédios públicos. Feliz por ver que isso sim dá repercussão nacional e mobiliza os sentimentos de humanidade até nos corações mais frios. Feliz de ver que essas correntes conseguiram arrancar na marra, ontem, na Praça da Liberdade, uma negociação com o governo para terça-feira. Triste de ver que os três poderes que deveriam ser independentes são entrelaçados. Feliz de ver que no estado do RS o Ministério Público exigiu do governador o imediato cumprimento da lei federal que instituiu o piso do magistério e de suporte à docência. Triste por ver que muitos colegas de luta desistiram e vão desistir com a ilegalidade. Feliz por ver que novos colegas que não tinham aderido se indignaram e entraram na luta. Muito triste de saber que colegas que não aderiram torcem por nossa derrota para que voltemos para a escola e eles possam dizer com suas bocas cheias: “Não disse? Greve não serve pra nada!”. Feliz de ver que há colegas que, apesar de não aderirem ao movimento, apóiam nossa luta, ajudando a divulgar as informações que a mídia não passa ou conscientizando a comunidade escolar das mentiras compradas do governo e dos meios de comunicação.
Triste por ver o trânsito parado e gente doente tendo que esperar, estudantes chegando atrasado à aula, mas muito feliz de ver muita gente buzinando e apoiando as passeatas, jogando papelzinho dos prédios, acenando e balançando bandeiras brancas e verdes. Triste de ver parte da sociedade que nos considera criminosos, mas feliz de ver pais e alunos que nos apóiam. Triste com a liberação de bilhões de reais para copa, criação de novos cargos no governo, deputados aprovando os super-salários além do teto previsto em lei, cidade administrativa faraônica. Feliz de ver que os movimentos sociais, sindicais e estudantis estão nos apoiando em peso. Enfim, triste e feliz na complexidade da condição humana que é diversa e rica, detentora da história. Não seremos robôs treinados a dizer apenas “sim senhor”, não seremos capachos de ditadores disfarçados. Estamos sendo donos da nossa história, transformadores do cotidiano, guerreiros da paz.  

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Poema do Desterro




Minas Gerais absurda
Campo da ingratidão
Outrora terra dos diamantes
Hoje, no poder que sussurra
Garimpas a segregação.

Minas Gerais bandeirante
Terra em geral aturdida
Pela ganância dos poucos
Que querem ir sempre avante
Na sua riqueza obtida.

Minas Gerais dos loucos
Sítio da hipocrisia
No seu projeto futuro
Permanece no ciclo do ouro
Minguando a riqueza obtida.

Minas Gerais do abrupto
Lugar da ignorância
Quanto mais atenta ao progresso
E a riqueza estende ao astuto
Mais tenho o estômago em ânsia.

Minas gerais do Aécio
Casa de anestesistas sem culpa
Vejo mortos ressuscitados do engenho
Donos das fazendas de café
Gelados senhores da ditadura.

Minas Gerais do empenho
Solo da corrupta sina
Vejo tantos porcos no poder
Que sinto a urgência do desterro
Nos anseios de minha poesia.

Um professor em greve

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Mobilização Greve

Queridos amigos,
Amanhã haverá ato de inauguração de um relógio da copa com Dilma e Anastasia na Pça Liberdade às 18:00. Faremos uma bela recepção com nosso relógio marcando os 101 dias de greve pelo cumprimento de uma lei federal. Conclamamos a toda a sociedade para estarmos presentes em tão importante ato, apoiando os professores. Acabo de voltar de uma assembléia lotada, com linda manifestação. A coisa tá crescendo!!! Hoje teve paralização das obras do Mineirão, em apoio à greve dos professores, acreditam? E talvez amanhã continuará! Hoje, se iniciou uma greve dos correios e eles foram até a nossa assembléia em passeata e apoiaram também nossa greve. Damos o chamado também para a próxima assembléia da educação na terça-feira, com horário a definir, mas provavelmente 13:00. Vamos preparados para uma ocupação da ALMG. A greve endureceu e após professores ficarem acorrentados ao pirulito na pça sete, a coisa tomou tal repercussão que tá bonito de ver! Apoiem nosso movimento, pois tá uma coisa linda demais!!! Então, amanhã, programinha de sexta à noite, aula de cidadania na inauguração do relógio da copa! Tem dinheiro pra Copa, pra polícia, pra cargos eleitoreiros, pra banqueiro, pra estrada, mas pra educação não!
Há-braços!

Um professor em greve.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Carta aberta

Prezada Sociedade,

Após quase 100 dias de greve, acabo de receber a notícia de que minha última e única companhia de greve (em nossa escola) vai voltar a dar aulas nesta semana. Me mandou um e-mail pedindo para eu não condená-lo, pois tem seus motivos financeiros, emotivos e contextuais, e dizendo que tentará não se crucifixar por estar “furando a greve”. Respondi que não se preocupasse, pois também lutou a batalha e teve seu mérito no movimento, mas que mantivesse pelo menos a esperança em nossa luta e transmitisse essa força para os outros que já haviam voltado e, se possível, à comunidade escolar que, embriagada pelo imediatismo, não está nada benta conosco (e com razão!). Estou sozinho na minha escola e em minha cidade, pois nossa escola é a única por aqui. Após 100 dias em greve, com uma lei nos amparando, pedindo apenas a aplicação de uma lei federal de piso de 712 reais e que mantenham a carreira já existente, após receber a vergonhosa notícia de que a justiça federal aprovou super-salários acima do teto para parlamentares federais, venho, em caráter de apelo, à toda a sociedade que ainda acredita na mudança da história por meio da mobilização coletiva e que ainda tem esperança nos movimentos sociais, que venham apoiar nossa luta, pois uma derrota da categoria agora, após mais de 3 meses paralisados, com tão forte adesão e com uma lei nos amparando, seria uma derrota, não apenas de nossa categoria, mas de todos os movimentos sociais. O governo vitorioso se fortaleceria em sua política horrenda contra os fracos e o horizonte dos movimentos sociais se enevoaria com a neblina turva do “poder que tudo pode”. Mas se tudo pode no poder, temos poder em nossas mãos, e hoje na sociedade digital, nos nossos dedos, pois com eles atingimos milhões, e isto está muito difícil de ser controlado pelos modelos arcaicos da ditadura velada que tentam nos impor. Temos ainda o poder de nos juntar para criar, divulgar, reivindicar, protestar, anunciar e denunciar tudo que nos convier e da forma que nos parece justa. Apelo, nesta reta final (Deus me ouça!) que nos apóiem na conversa informal, conferência, palestra, aula, debate, mesa redonda (geralmente quadradas), simpósio, fórum, assembléia, seminário,e também nas redes sociais, grupos de e-mails, cartas abertas, contatos com os magnatas e poderosos conhecidos, políticos, ativistas, artistas, cientistas, comunistas e anarquistas de plantão. Divulguem a realidade de nossa luta, que tem sido semanal, com participação de cinco, dez mil pessoas, tendo que parar Belo Horizonte, sob os xingamentos e aplausos da sociedade surda e da imprensa muda. Todos vocês passaram pelos professores, e a maioria dos que estão vindo ainda passarão. Por pior que eles tenham sido, vocês devem muito a eles. É hora de demonstrar a gratidão por essa classe empobrecida, mas digna, pois ousa se mobilizar em tempos de individualidade e ousa lutar em tempos de estagnação. Apesar de meu coração doer ao pensar que estou sozinho e fraco na minha cidade, me sinto forte e revitalizado quando vejo um abraço de 8000 pessoas no Ministério Público e na Assembléia Legislativa. E meu coração se alegra quando vejo que temos ainda apoiadores como Frei Beto e Leonardo Boff. Apelo neste momento, com mais de 15 estados e incontáveis municípios em greve, à beira de uma greve geral da Educação, a toda a sociedade para se unir no grito: “O professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo!”

Gratidão a todos e todas,

Um professor em greve.