sábado, 29 de junho de 2013

Reflexões sobre 26 de junho - Manifestação em BH

Inicio pedindo desculpas pela extensão do texto, mas não poderia ser diferente, pois eu estava lá.
Dia 26 de junho de 2013. E não sei por que os jornais estão falando de trinta, quarenta mil manifestantes, quando eu não tive como ter ideia do tamanho, pois ele extrapolava o comprimento e a largura das avenidas. Eu arriscaria muito mais de cem mil e tenho filmagens para confirmar. E eu que achava que os professores faziam proeza em Minas quando conseguiam colocar dez mil nas ruas...  Hoje, já revigorado do surto e dos sustos de ontem, tentarei tecer algumas descrições e análises que vejo pertinentes neste momento, sabendo que tudo, até mesmo minha opinião, estão muito instáveis e não conseguem, nem mesmo, um panorama estável do que está acontecendo.


Estive lá e vi –digo, filmei – de cima do viaduto do Hospital Belo Horizonte, último ponto alto da Antônio Carlos com vista para o centro, e não dava pra ver o início da manifestação nem seu final, com a avenida e os viadutos completamente tomados. Na passagem pelas periferias da via, moradores que acenavam, muitas bandeiras do Brasil nas janelas e muitas, muitas crianças participando. Debaixo de outro viaduto, vi adultos e vi crianças que não participavam e permaneceram dentro de suas casas de papelão. Provavelmente alguma família despejada para as obras da Copa. Inúmeros cartazes que traziam as catarses sociais de nossos tempos. Como já havia dito em outra postagem, compactuo com quase todos os cartazes e não vi desta vez nada que atacasse os direitos humanos ou a diversidade; pelo contrário, muitos estavam ali com bandeiras de partidos e sindicatos enquanto outros colocavam num viaduto duas faixas gigantes clamando pelo direito dos animais. Uns fizeram rapel de uma passarela e exibiram seus cartazes de cabeça para baixo. Nem precisava dos cartazes, pois só o espetáculo já valia. Meu Deus, quando iriam deixar uns loucos fazerem rapel em plena Antônio Carlos? 
Pouquíssimo policiamento. Um grande carnaval com muita música, palavras de ordem, vendedores de água, refrigerante, cerveja e picolé. Alguns carros e pequenos comércios vendendo churrasquinho e cachorro quente, justamente perto do viaduto onde clamavam pelo direito dos animais. Vi dois indivíduos improvisados que vendiam, de dentro de um lote baldio, marmitinhas e tropeiros por entre os entulhos e a cerca semi-derrubada, num local tomado pelo mato. Uma festa bonita, com muitas bandeiras vermelhas de partidos, movimentos sociais de base. Nosso sindicato foi muito respeitado, a ponto de muitos manifestantes levarem os balões e os botons que distribuíamos. Vi a galera do MST em peso, outros sindicatos e movimentos sociais autônomos, como “os atingidos pela copa” e “os atingidos por barragens”. Vi bandeiras pretas dos anarquistas, graças a Deus! Alguns heavy-metals andando juntos e um grupo de darks com seus sobretudos pretos num sol escaldante. Muitos meninos e meninas adolescentes, tirando fotos com pose, provavelmente para postar no facebook. Uma diversidade interessante e, até mesmo, desconcertante. Como pode, repentinamente, uma atuação tão massiva, com uma variedade tão grande de segmentos sociais e esferas culturais? Não vi quase nada sobre a questão indígena, nem sobre a obrigatoriedade do serviço militar e do voto. Vi duas feministas completamente nuas, porém mascaradas e poucas pessoas pichando frases contra a copa do mundo. Havia uma Penélope Charmosa encapuzada, toda de rosa, empurrando um carrinho de supermercado rosa e ia pixando de rosa suas causas no chão da avenida. Muita, mas muita diversidade mesmo! 

Mas, chegando perto do Mineirão, comecei a notar um clima mais tenso! O carro de som que ia na frente seguiu direto, chamando  para que não entrássemos na rua do Mineirão (acordo feito com o governador no dia anterior) enquanto alguns poucos (penso que uns 20 ou 30) manifestantes tentaram fazer um cordão de isolamento sem sucesso. Assim, enquanto metade da manifestação, coordenada pelos sindicatos e movimentos sociais ligados a partidos seguiram em frente para esbarrar no final da avenida numa barricada policial, e ser obrigado a voltar pelo mesmo caminho, a outra metade parou na região da UFMG  e muita gente (uns 5 ou 10 mil) subiu para chegar perto do isolamento de 2Km da Fifa na “avenida proibida”. Aí foi o aval para começar o combate, já previsto em manchetes da véspera, pela própria polícia, com anúncios prévios de “tolerância zero” e “campo de guerra iminente”. Depois de alguns usuais (já aceitos como normais pela mídia) tiros e explosões de efeito imoral e de armas químicas de pequeno impacto (uai, achei que elas eram proibidas pela ONU!), um helicóptero da polícia começa a jogar para todos os lados bombas e muito, muito gás lacrimogêneo. Sorte que haviam médicos de máscara que aplicavam leite de magnésia ao redor dos olhos e muita cooperação entre os manifestantes com o vinagre.
Subitamente, muita coisa começa a acontecer e não dá pra apreender tudo. Um cara cai do viaduto e é socorrido (sabemos que faleceu e que outra menina caiu, mas está bem agora), enquanto a primeira frente de batalha com o cordão se intensifica; uma galera começa a queimar coisas no meio da avenida e uma outra galera já está tirando os tapumes que protegiam os vidros de uma concessionária e quebram todos os vidros. Bombas dos dois lados e muito gás, gente que corre, gente que pede pra não correr. Uns gritam “sem violência” enquanto outros aplaudem. Médicos voluntários atendendo um garoto com bala de borracha no olho, enquanto vejo muitos encapuzados quebrando tudo dentro da concessionária e médicos voluntários por toda a parte ajudando os feridos. O batalhão de choque recuando muito na rua, pois já há uma barricada com muita madeira queimando. A grande massa que no início gritava “sem violência” agora já xinga os policiais e os ânimos só vão se exaltando e o frenesi coletivo só vai aumentando. Pude sentir o que é uma horda insatisfeita, pronta pra explodir. É contaminante até pra mim que sou adepto da cultura de paz planetária e da resolução pacífica de conflitos. Não tem jeito. Olho pras ruas ao redor e é gente do início ao final de onde consigo ver em todas as vias. Não dá pra acreditar! Juro que nunca pensei que presenciaria isso. Não há pra onde correr, não há como polícia nenhuma chegar ali. Um cara do meu lado é quase linchado por tentar incendiar o posto de gasolina onde havia uma multidão. Espalhou gasolina calmamente pelo chão e já ia acendendo um papel, quando um desses anjos disfarçados de gente colocou-o para fora e ainda o protegeu quando tentaram linchá-lo. Pegaram ele com o isqueiro na mão! Não é boato. Eu vi. Enxotaram o cara de lá e não pude respirar aliviado, pois o gás não deixava. Agora os encapuzados arrastam um caminhão de dentro da concessionária que já está em chamas e colocam ele na fogueira da rua onde estava a barricada da tropa de choque que agora recua mais ainda na ruela do conflito com o choque. A manifestação continua lotada e só é dispersada nas “clareiras” abertas pelo gás.
Não queria cair no discurso do lugar comum da mídia de que “é apenas um pequeno grupo”, mas com certeza essa galera do front não está brincando em serviço! Já li uns artigos e denúncias de que existiria gente da polícia infiltrada, e acho que deva existir mesmo, mas não acho que era esse o caso naquele dia, ou se era, eles estão muito bem no disfarce. O que vi foi uma turma que não se importava se tinha gás, ou se não tinha, estava lá no meio da fumaça, sem máscara, jogando o mundo no chão e devolvendo os artefatos contra a tropa, enquanto bombas e tiros eram lançados contra eles com maior intensidade. Invejei a coragem deles e refleti que, se esses 100 mil tivessem tal grau de coragem e indignação, a cidade não parava em pé e não tinha polícia, nem força nacional, que segurava a multidão não!
Desse momento em diante, não pude presenciar mais, pois minha caravana do sindicato iria voltar para a nossa cidade. Voltei sem saber de nada, ouvindo o triste desfecho de gato caçando rato pelo centro da cidade, e a ocupação de tudo pela Polícia Militar e pela Força Nacional. Ao mesmo tempo, eu estava feliz com a quantidade de gente que havia visto mais cedo; triste pelos feridos e pelo morto, e muito impressionado com a intensidade do combate e pelo frenesi coletivo. Ouvia no rádio que várias rodovias em vários estados estavam paradas e que, ainda, várias cidades protestavam, em especial, Brasília, que também apresentou combates. Não dá pra apreender tudo, simplesmente não dá.
Pensando bem, há o risco sim, de perda total do controle e da ordem social, mas será que não há que haver algum caos para que se reestruture um sistema? Esses dias, li um depoimento de uma pessoa que se auto intitula “vândalo” e agradece por o chamarem assim, pois os vândalos foram o povo que derrubou (literalmente) o Império Romano, queimando as instituições públicas e os parlamentos. Argumenta que as coisas e os prédios públicos e privados não têm sentimentos para serem feridos, mas, ao serem depredados, ferem os sentimentos daqueles que os amam. Disse que alguns grupos se organizam antes, mas há também os indignados que, como ele, se juntam no momento de fervor, além, é claro, como sabemos de outros relatos, dos infiltrados da polícia que estão ali para ser o estopim, quando há muita paz no evento e também há os relatos de grupos anarquistas que recebem treinamento de guerrilha urbana, para destruir toda forma de poder instituído.

Não sei o que pensar.  Não há como prever nada, mas vejo que o caos é a coisa mais temida pelos poderosos e esse medo pode ser um freio para as corrupções, mas também um estímulo para o uso da força excessiva. Vejo uma mídia que consegue engolir tudo à sua volta e fazer tudo parecer clichê instantaneamente. Uma mídia que, hoje nos jornais, só deu foco ao “vandalismo” e ao “sangue” derramado. Não posso deixar de aceitar que o vandalismo tira a credibilidade para a maioria que assiste TV e ouve rádio. Mas também não desacredito no que disse o vândalo em sua entrevista. Assim, vejo PEC ser derrubada pelos mesmos que a propuseram, vejo a corrupção ser considerada crime hediondo, arquivos progressistas sendo desenterrados, deputado ser preso e acabo de saber que São Paulo terá CPI dos transportes e que 20 cidades da região metropolitana de Goiânia adotaram o passe livre (tarifa zero) estudantil. Uai, mas não disseram que isto era impossível? E vejo assembleias populares autogestionadas, sem aquele discurso empoeirado de partidos e sindicatos, e vejo grupos de trabalho, discussão, redes sociais muito bacanas, e vejo que quem não apoiava as nossas greves de professores, hoje nos dá parabéns. Mas quero refletir mais algumas coisas. Primeiro, há sim o risco de que tudo saia do controle e então isto pode se tornar um meio para um golpe e uma ascensão autocrática. Mas pode também cair no senso comum e se diluir, e sempre que houver um chamado para manifestações, a cidade vai virar o caos e isto se tornará então uma arma de luta do povo, pois sempre haverá os vândalos, pois eles, ou estão infiltrados pela polícia, ou estão na profissão de fé. Há o risco de uma mídia dominante conseguir denegrir as manifestações e acontecer um racha dentro da população o que, em grau extremo, daria numa guerra civil, talvez de uma classe média moralizante brigando com encapuzados do morro, que por sua vez brigariam com os partidos, que por sua vez brigariam com mais alguém. Mas não acho que seja o caso; na verdade, espero que o caos reestruturador possa ser conduzido da maneira mais consciente possível. Participar das assembleias populares, ler as múltiplas opiniões, participar das manifestações, ajudar nas redes sociais e nas conversas, atuar segundo o que acredita e como pode, para chegarmos não sei onde, mas sabendo por quê. As manifestações estão lindas, e é um momento único do povo. Não sei onde isso tudo vai dar, mas pago pra ver. Quiçá cheguemos a uma sociedade mais justa, solidária, cooperativa e sustentável. 


E para finalizar, indico um documentário sobre os protestos contra a reunião da OMC em Seattle, 1999. Qualquer semelhança não é mera coincidência!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Anastasia, é hora de pagar o piso para os professores!


O povo brasileiro clama principalmente por Ética, Educação,
Saúde, Transportes de qualidade...
E já está colhendo primeiros os frutos de sua legítima mobilização.
Muitas cidades brasileiras já baixaram as tarifas dos transportes públicos.
Ontem vimos a PEC 37 ser eliminada por quase unanimidade no congresso.
A presidenta Dilma promete para a educação 100% dos royalties do petróleo e 50% do pré-sal... E isso é só o começo!

Mas diante de tudo isso, os governantes de Minas continuam resistentes. A tarifa de BH não baixou sequer R$0,20. Demonstrando total submissão ao cartel dos transportes.
E em relação à educação...
será que desta vez o Anastasia vai cumprir a Lei Nacional do Piso?


A HORA É AGORA!
A atual greve dos professores estaduais tem total apoio nas ruas de Minas e nas Assembleias Populares.
Neste momento só podemos dizer uma coisa:
ANASTASIA, CUMPRA A LEI E PAGUE O QUE É JUSTO!!!

Fica o convite para os cidadãos de BH: 
Participe das Assembléias Populares
que tem acontecido debaixo do viaduto Santa Tereza.

Assembleia do Poder Popular em Belo Horizonte, dia 23/06/2013.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

E ainda perguntam... O que queremos?

Como professor do estado de Minas Gerais, em greve por tempo determinado, que estamos praticando apenas nos dias dos jogos da Copa das Confederações, exijo o cumprimento da lei federal 11.738, de 2008, que fixa um piso salarial nacional para os profissionais da educação e exijo o retorno à antiga carreira em forma de vencimento básico, pois ela nos foi retirada à força, juntamente com todos os direitos e benefícios conquistados até hoje. Quero o cumprimento do mínimo constitucional na educação, e também o pagamento retroativo do piso à 2008, quando a lei foi criada. Exijo que retire a lei que proíbe funcionários das escolas de se alimentar com a merenda. E, apesar de não concordar em muitas coisas em relação à direção sindical, sou sindicalizado e contribuo com suas mobilizações e, portanto, exijo uma negociação séria de toda a atual pauta de reivindicações de nosso sindicato, as quais não caberiam em um texto sintético de blog.


Como cidadão participante das grandes manifestações, também compactuo com, vamos dizer, 90% dos cartazes que tenho lido, e palavras de ordem que tenho ouvido, ao vivo e nas mídias, e que exprimem ideias individuais, mas que traduzem aspirações de toda uma geração. Mas ainda nos perguntam o que queremos? Queremos um decente teto salarial no país, principalmente para os cargos do executivo, do legislativo e do judiciário. Como não podemos barrar a livre iniciativa do lucro, queremos impostos grandes para quem ganha além do teto. Tenho certeza que teríamos bilhões que poderiam ser gastos com o aumento do salário mínimo. E toda vez que vocês forem subir seus salários, nós vamos para as ruas e pararemos todas as capitais, pois agora aprendemos o caminho e perdemos o medo. Queremos as verbas que seriam gastas para construir a Copa e as Olimpíadas, investidas sim no esporte, mas em poliesportivos comunitários, praças seguras e arborizadas, ginásios poliolímpicos, ciclovias, pistas de skate, e por aí vai. Queremos que a verba usada para tampar os rios, fosse gasta na sua revitalização, com infraestruturas de saneamento ecológico e energias sustentáveis, acompanhadas por políticas sérias de educação ambiental nas suas cabeceiras. Queremos incentivos de uso adequado das energias do vento, do sol, da água e da terra; queremos edificações sustentáveis, com captação da chuva e tratamento com reaproveitamento das águas sujas. Queremos sim, políticas públicas sérias, que providenciem obras para o povo, não pras empreiteiras. Queremos leis que proíbam os maus tratos aos animais. Exigimos respeito e honestidade. Queremos uma mídia livre, cibernética, que nos faça sentir parte da grande nação Terra, da grande irmandade chamada Humanidade, da grande fraternidade dos Terráqueos. Não queremos Belo Monte. Queremos o dinheiro que construiria Belo Monte, no aproveitamento sustentável dos rios e com projetos de energias limpas. Não queremos usinas nucleares. Tchernobyl e Fukushima não são suficientes? Não queremos a "Cura Gay" e sim respeito à diversidade! Não queremos a PEC 37. Queremos um Ministério Público forte, autônomo e sem rabo preso. Exigimos transportes públicos seguros, eficientes, limpos e sustentáveis, movidos a energias não poluentes e quem sabe, com tarifa zero? Queremos políticas de redução dos resíduos e o correto tratamento dos mesmos. Queremos hortas comunitárias, rurais e urbanas, e não queremos venenos nem Monsanto no mesa de nosso país. Queremos leis ambientais feitas para o meio-ambiente e seus habitantes, não para as mineradoras, companhias extrativistas, mega-hidrelétricas e empresários do agronegócio. Não toleramos mais o modelo colonial de exploração, na qual nossa matéria prima sai do país às custas de enormes perdas ambientais e sociais, retornando pra cá com valor agregado, fazendo os ricos mais ricos e o planeta mais doente. Estamos fartos da impunidade, corrupção e falta de respeito dos aparatos públicos. Não precisamos de mais quartéis e presídios, mas sim de escolas públicas de qualidade com pedagogias mais humanitárias. Não queremos mais pagar nossos vereadores e deputados, a exemplo de vários países. Não queremos que tratem usuários de maconha como criminosos, pois as drogas mais pesadas estão nas mãos da indústria farmacêutica e petroquímica, e estão sendo administradas no que chamam de remédios e em nossa alimentação. Queremos as terapias integrativas em todos os postos de saúde e médicos comunitários preventivos. Exigimos maternidades com parto humanizado, que tratem a mulher sem violência. Exigimos postos de saúde e banheiros públicos no padrão FIFA. Aliás queremos todos os serviços públicos no padrão FIFA, e de forma gratuita. Não queremos propagandas do governo, baseadas na hipocrisia e falsidade, feitas com o nosso dinheiro. Ao invés, gastem esse dinheiro em campanhas publicitárias contra a violência doméstica, a publicidade infantil, os agrotóxicos, o bullying na escola e no trabalho, o tráfico de órgãos, os preconceitos de toda sorte, a escravidão de humanos e animais, a poluição sonora e visual, a comunicação violenta, a pesca predatória, o abuso de poder, a falsidade ideológica, a fofoca, a prevenção de doenças, o desperdício de recursos e energias, enfim, contra e qualquer forma de violência física ou simbólica que atente contra os preceitos referentes aos direitos universais e à cultura de paz planetária. Sim queremos a utopia e sabemos que ela ainda é possível. É isto que queremos!


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Aos mestres, com carinho



Não sei não, mas acho que todos estamos sentindo algo diferente com essas últimas manifestações no Brasil e no mundo. Eu, professor, estou sentindo isto. Não sei por que, mas quando vejo essa galera nas ruas, e o movimento crescendo, não apenas por São Paulo, mas por todo o Brasil e mundo, sinto que algo sem fronteiras está acontecendo. Algo que me traz à memória, a Marcha dos Cem Mil, a queda do muro de Berlin, a Diretas já e os cara-pintadas. Lembro-me bem, eu, em BH, com 10 anos de idade, quando o Collor pediu à população que o apoiava, que colocasse panos com as cores da bandeira nas janelas e a cidade amanheceu de luto. Não sabia o que aquilo significava, mas algo surgiu em mim naquele dia. Só depois fui saber que isto ocorreu, porque a VEJA lançou um editorial pedindo o impeachment. Naquela época não havia blogs nem facebook. Algo está acontecendo, não sei bem o quê, mas está. Estamos todos já fartos do mesmo blá-blá-blá na política, nas escolas, na mídia. A mesma reprodução fantochiada de um modelo de pensar que vejo em decadência. Vejo um grito contido de BASTA, nas gargantas treinadas a só dizer SIM, pois assim poderão ser consumidores exemplares. Vejo uma “classe-mídia” acordando. Vejo uma contaminação geral, que agora, parece extrapolar o controle midiático conservador e calar a boca de quem quer nos calar. Pode ser que daqui uns dias, tudo retorne ao “normal”, ou “normose”, como já dizia um pensador. Retornaremos desse frenesi ao cotidiano massacrante, mas acredito que, agora, mudados. Vivenciamos um rito de passagem no Brasil. Continuaremos enfurnados em nossas telas, dando nossas aulas e cumprindo nossos prazos, mas com uma semente nova no coração que já estava seco e cansado de não fazer nada. E essa nova força que descobrimos nos últimos dias foi ensinada pelos jovens, que tanto denunciamos como alienados, mas agora eles são nossos maiores professores. Nós, professores, devemos todos assistir a essas aulas de cidadania, e fazer nosso para-casa, denunciando os abusos, as transgressões, as violências daqueles que, contraditoriamente, nos acusam de abusivos, transgressores e violentos. Não peço que participemos das manifestações e greves, porque sei que a rua é demais para nós, professores envelhecidos, acostumados a sentir medo do novo.  Aos nossos mestres, essa juventude linda que acorda, após longo sono renovador das energias, meu imenso carinho e minha eterna gratidão. 


domingo, 16 de junho de 2013

Vem Pra Rua!!! Pelo direito de manifestar!


 
A nossa causa é a educação, a deles é a taxa, a daqueles é a moradia, de outros é a terra... 
quais são as suas? Não adianta reclamar em casa, faça parte da mudança!!!
Vamos unir todas as causas em uma só manifestação pacífica. O momento é agora, o mundo todo está voltado para o Brasil.
Acreditem! O Governo Anestesia proibiu os professores estaduais de se manifestarem com multa de R$500 mil por dia! Não vamos baixar nossas cabeças!
Vamos colorir as ruas com cartazes multilíngues, distribuir flores, cantar a paz, vibrar a dignidade, dançar a união e dizer juntos o nosso basta! 
VEM PRA RUA!!!
E que o espírito de Gandhi nos abençoe!


Dia 17 de junho de, às 13 horas, 
na Igreja São Francisco de Assis,
Pampulha, Belo Horizonte.


A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável.”
Mahatma Gandhi

sábado, 15 de junho de 2013

VEM PRA RUA!!! Manifestação Pacífica em BH

O movimento VEM PRA RUA
já tomou proporções nacionais! 
Em São Paulo, Rio, Brasília... e BH também 
em MANIFESTAÇÃO PACÍFICA. 

Venha exercer seu DIREITO DE MANIFESTAR
contra as injustiças que vivemos. Venha se juntar
à causa dos professores por uma educação de qualidade!

Dia 17 de junho de 2013,
a concentração será às 13 horas, 
na Igreja São Francisco de Assis,
Pampulha, Belo Horizonte.

Se você está indignado com a repressão policial, os agentes infiltrados (os verdadeiros vândalos) para denegrir as manifestações pacíficas, e a impressa comprada... VEM PRA RUA!!!

Grupo de 12 manifestantes pacíficos é atacado pela polícia em SP



Após negociação, manifestação pacífica é atacada por tropa de choque

Movimento VEM PRA RUA!




sexta-feira, 14 de junho de 2013

Acordemos!

Afinal, não é o fim dos tempos. Desde minha última postagem, pouco depois do prenúncio do fim dos tempos, muita coisa aconteceu, mas não vou ficar relembrando tudo, pois o que tem acontecido no último mês, é digno de reflexão. O governo de Minas acaba de decretar (e aqui no país ditatorial Minas, o que está decretado, está cumprido) que as manifestações de qualquer tipo estão proibidas nos dias dos jogos da Copa das Confederações. Isto porque nosso sindicato, que consegue facilmente, colocar 10.000 pessoas na rua, convocou uma manifestação pacífica e informativa para este dia, com paralisação das atividades. O engraçado é que, logo após nossa assembléia, o ponto do servidor no dia do jogo se tornou facultativo, e olha que nem é o Brasil que vai jogar, hein! E agora, com uma possibilidade de mega-manifestação no dia do jogo, é claro que um decreto que vá contra nossa constituição, será seguido à risca pelo judiciário-capacho e pela polícia-fiel ao pequeno ditador. Acabo de ver a crescente mobilização social em SP e no RJ, logo após a grande repercussão das manifestações na Turquia e me pergunto o que será que irá ocorrer aqui em Minas, pequeno país alheio à república, que desrespeita leis federais, veta direitos constitucionais e faz propaganda enganosa. Conclamo então a população, não apenas da nossa categoria, para uma ampla mobilização nesse dia, em que a mídia mundial estará focalizada em nós, muito atenta ao que pode ocorrer durante a copa do mundo. Mostraremos apenas um ensaio do que vai acontecer na Copa do Mundo! E nós temos o dever de mostrar a realidade de Minas, que gasta bilhões em propagandas mirabolantes e estádios magníficos, mas não respeita seus cidadãos. É agora que a mobilização irá crescer mais ainda! Acham que proibindo, conseguem evitar? Não precisamos mais de sindicatos dizendo o que fazer e o que não fazer, vamos para a rua e vamos nos unir para denunciar o governo estadual e municipal desta pequena grande cidade, capital do grande pequeno país Minas Gerais. Filmem, fotografem, divulguem e vamos para a rua com cartazes multi-lingue para os gringos, com flores para os policiais, e uniremos as torcidas que lutarão por um placar em comum. Devemos infiltrar nos estádios grandes cartazes e bandeiras com mensagens originais, sintéticas e pontiagudas para que, nas arquibancadas também seja denunciado os abusos desse poder. Conclamamos as redes sociais, os sindicatos, grupos e coletivos, movimentos estudantis, e indivíduos autônomos para fazer parte dessa grande mobilização cibernética e presencial que trará novamente a magia e o poder de transformações que um povo unido carrega adormecido nos corações. Acordemos!