Como professor do estado de Minas
Gerais, em greve por tempo determinado, que estamos praticando apenas nos dias
dos jogos da Copa das Confederações, exijo o cumprimento da lei federal 11.738,
de 2008, que fixa um piso salarial nacional para os profissionais da educação e
exijo o retorno à antiga carreira em forma de vencimento básico, pois ela nos
foi retirada à força, juntamente com todos os direitos e benefícios
conquistados até hoje. Quero o cumprimento do mínimo constitucional na
educação, e também o pagamento retroativo do piso à 2008, quando a lei foi
criada. Exijo que retire a lei que proíbe funcionários das escolas de se
alimentar com a merenda. E, apesar de não concordar em muitas coisas em relação
à direção sindical, sou sindicalizado e contribuo com suas mobilizações e,
portanto, exijo uma negociação séria de toda a atual pauta de reivindicações
de nosso sindicato, as quais não caberiam em um texto sintético de blog.
Como cidadão participante das
grandes manifestações, também compactuo com, vamos dizer, 90% dos cartazes que
tenho lido, e palavras de ordem que tenho ouvido, ao vivo e nas mídias, e que
exprimem ideias individuais, mas que traduzem aspirações de toda uma geração.
Mas ainda nos perguntam o que queremos? Queremos um decente teto salarial no país,
principalmente para os cargos do executivo, do legislativo e do judiciário.
Como não podemos barrar a livre iniciativa do lucro, queremos impostos grandes
para quem ganha além do teto. Tenho certeza que teríamos bilhões que poderiam
ser gastos com o aumento do salário mínimo. E toda vez que vocês forem subir
seus salários, nós vamos para as ruas e pararemos todas as capitais, pois agora
aprendemos o caminho e perdemos o medo. Queremos as verbas que seriam gastas
para construir a Copa e as Olimpíadas, investidas sim no esporte, mas em
poliesportivos comunitários, praças seguras e arborizadas, ginásios
poliolímpicos, ciclovias, pistas de skate, e por aí vai. Queremos que a verba
usada para tampar os rios, fosse gasta na sua revitalização, com
infraestruturas de saneamento ecológico e energias sustentáveis, acompanhadas
por políticas sérias de educação ambiental nas suas cabeceiras. Queremos
incentivos de uso adequado das energias do vento, do sol, da água e da terra;
queremos edificações sustentáveis, com captação da chuva e tratamento com reaproveitamento
das águas sujas. Queremos sim, políticas públicas sérias, que providenciem
obras para o povo, não pras empreiteiras. Queremos leis que proíbam os maus
tratos aos animais. Exigimos respeito e honestidade. Queremos uma mídia livre,
cibernética, que nos faça sentir parte da grande nação Terra, da grande
irmandade chamada Humanidade, da grande fraternidade dos Terráqueos. Não
queremos Belo Monte. Queremos o dinheiro que construiria Belo Monte, no
aproveitamento sustentável dos rios e com projetos de energias limpas. Não
queremos usinas nucleares. Tchernobyl e Fukushima não são suficientes? Não queremos a "Cura Gay" e sim respeito à diversidade! Não queremos a PEC 37. Queremos um Ministério Público forte, autônomo e sem rabo preso. Exigimos
transportes públicos seguros, eficientes, limpos e sustentáveis, movidos a
energias não poluentes e quem sabe, com tarifa zero? Queremos políticas de
redução dos resíduos e o correto tratamento dos mesmos. Queremos hortas
comunitárias, rurais e urbanas, e não queremos venenos nem Monsanto no mesa de
nosso país. Queremos leis ambientais feitas para o meio-ambiente e seus
habitantes, não para as mineradoras, companhias extrativistas,
mega-hidrelétricas e empresários do agronegócio. Não toleramos mais o modelo
colonial de exploração, na qual nossa matéria prima sai do país às custas de
enormes perdas ambientais e sociais, retornando pra cá com valor agregado, fazendo
os ricos mais ricos e o planeta mais doente. Estamos fartos da impunidade,
corrupção e falta de respeito dos aparatos públicos. Não precisamos de mais
quartéis e presídios, mas sim de escolas públicas de qualidade com pedagogias mais
humanitárias. Não queremos mais pagar nossos vereadores e deputados, a exemplo
de vários países. Não queremos que tratem usuários de maconha como criminosos,
pois as drogas mais pesadas estão nas mãos da indústria farmacêutica e
petroquímica, e estão sendo administradas no que chamam de remédios e em nossa
alimentação. Queremos as terapias integrativas em todos os postos de saúde e
médicos comunitários preventivos. Exigimos maternidades com parto humanizado,
que tratem a mulher sem violência. Exigimos postos de saúde e banheiros
públicos no padrão FIFA. Aliás queremos todos os serviços públicos no padrão
FIFA, e de forma gratuita. Não queremos propagandas do governo, baseadas na
hipocrisia e falsidade, feitas com o nosso dinheiro. Ao invés, gastem esse
dinheiro em campanhas publicitárias contra a violência doméstica, a publicidade
infantil, os agrotóxicos, o bullying na escola e no trabalho, o tráfico de
órgãos, os preconceitos de toda sorte, a escravidão de humanos e animais, a
poluição sonora e visual, a comunicação violenta, a pesca predatória, o abuso
de poder, a falsidade ideológica, a fofoca, a prevenção de doenças, o desperdício
de recursos e energias, enfim, contra e qualquer forma de violência física ou
simbólica que atente contra os preceitos referentes aos direitos universais e à
cultura de paz planetária. Sim queremos a utopia e sabemos que ela ainda é
possível. É isto que queremos!
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